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LINHAS DE FINANCIAMENTO DISPONÍVEIS PARA O SETOR DE LOCADORAS DE EQUIPAMENTOS, MÁQUINAS E FERRAMENTAS


            O cenário atual da economia mundial remete a uma restrição de crédito às empresas, como não observado há muitos anos. As necessidades de capital para investimentos em equipamentos, máquinas e ferramentas têm levado as empresas do setor de construção civil a procurarem ainda mais a terceirização do capital associado para uso de máquinas, equipamentos e ferramentas que são de uso fundamental para sua atividade. Neste cenário é que o papel das empresas que locam estes tipos de máquinas, equipamentos e ferramentas surge, atendendo às demandas deste setor que, no Brasil, ainda continua a crescer em ritmo acelerado, pois não teve problemas de credibilidade nem alta alavancagem que foram observados nos EUA. Por outro lado, esta restrição na disponibilidade de crédito também pode ser observada no setor de locadoras de equipamentos, máquinas e ferramentas, pois o capital a ser empregado por elas também é alto, e fica imobilizado por um período longo. Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias demanda que as empresas deste setor estejam em constante atualização para fornecer máquinas e equipamentos aos seus clientes.

            Portanto, surge o problema de como atender à demanda, que ainda está forte, da construção civil no Nordeste Brasileiro, principalmente, com o desenvolvimento de todos os investimentos estruturadores atrelados ao PAC, bem como no pacote imobiliário lançado pelo Governo Federal.

            Esta restrição ao crédito pode ser atendida de algumas formas, como veremos a seguir. O uso de capital próprio das empresas é sempre limitado e complicado, pois pode comprometer os índices financeiros da empresa. Deve-se, portanto, recorrer aos investimentos externos à empresa, através de financiamentos adquiridos junto às instituições financeiras. O crédito fornecido pelas instituições financeiras privadas ainda está bastante comprometido, pois parte vem de instituições de crédito internacionais, onde o crédito está restrito. Além disso, as taxas de juros cobradas neste mercado são demasiado altas e o prazo de pagamento demasiado curto, comprometendo a capacidade de pagamento das empresas e tornando o investimento, muitas vezes, inviável, face ao retorno ser baixo e prolongado pelo período de depreciação da máquina. Quanto ao investimento financiado por instituições financeiras públicas, as opções disponíveis no mercado são oriundas de dois principais bancos de desenvolvimento: O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Estas sim, têm um perfil de fomento ao desenvolvimento das empresas e mais se aproximam de atender as necessidades das empresas locais, inclusive das empresas locadoras de equipamentos, máquinas e ferramentas.

            O BNDES dispõe de uma linha de crédito especial chamada FINAME – Máquinas e Equipamentos que financia a aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, para fins de comercialização ou aluguel. Esta linha de crédito pode vir associada a diversos segmentos da economia e todas as linhas podem ser encontradas diretamente na página do BNDES (http://www.bndes.gov.br/linhas/finame.asp). O BNDES, ao emprestar recursos do FINAME, através de seus agentes repassadores, instituições financeiras credenciadas, cobra a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) acrescida da Remuneração do BNDES, Taxa de Intermediação Financeira e Remuneração da Instituição Financeira Credenciada, resultando em uma taxa final, hoje, em torno de 10%, mas que varia de acordo com o porte da empresa. Esta linha atende de micro-empresas a empresas de grande porte. Os itens podem ser financiados em até 100% do seu valor e, em alguns casos, pode-se associar capital de giro. Este programa ainda oferece prazo de carência do pagamento do principal de até 24 meses, que, somado ao de amortização do investimento, podem chegar aos 60 meses. As garantias, em geral, são o próprio equipamento, mas pode-se exigir garantias adicionais, chegando, às vezes, até 130% a 150% do valor a ser financiado.

            O BNB financia a aquisição de equipamentos, máquinas e ferramentas, através de recursos do FNE (http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/Sobre_Nordeste/FNE/gerados/fne.asp), com taxas de juros que variam de acordo com o porte da empresa, mas que, atualmente, vão de 5,74% a 8,5% de micro-empresas a empresas de grande porte, já com um bônus de adimplência para empresas localizadas fora do Semi-árido (15%). De acordo com a análise de cadastro da empresa junto ao BNB, o financiamento da máquina adquirida poderá ser feito até o valor de 100%, as vezes com apresentação de garantias adicionais. As garantias adicionais podem, inclusive, ser de equipamentos, máquinas ou ferramentas já pertencentes ao quadro de ativos da empresa ou dos sócios. Os prazos para o financiamento vão até 8 anos, com até 12 meses de carência, determinados em função do retorno de receitas da atividade e da capacidade de pagamento da atividade. Em alguns casos, há a necessidade de apresentação de projeto que aponte a viabilidade econômico-financeira do financiamento da compra destes equipamentos, máquinas ou ferramentas. A máquina, equipamento ou ferramenta não precisa ser de origem nacional, desde que não haja similaridade de fabricante do item financiado no Brasil.

            A simulação da Tabela 1, abaixo, apresenta como um financiamento de R$500 mil reais de uma determinada máquina pode custar para uma empresa de locação comparando as duas modalidades de financiamento: BNDES x BNB, na conjuntura de taxas de juros praticadas atualmente. Conforme pode-se observar, dentro da conjuntura atual de juros cobrados pelos dois bancos em questão, as empresas do setor de locadoras de equipamentos, máquinas e ferramentas podem obter uma economia de juros ao decidirem optar pelo BNB versus o BNDES. A economia chega ao valor total de R$ 29.494,69, que representa 5,90% do valor total da máquina. Conhecer muito bem o que são cobradas pelas taxas de juros faz, então, uma grande diferença quando a empresa for determinar que linha de crédito utilizar.

 

Tabela 1. Valor Comparativo para empréstimo referente à aquisição de máquina isolada usando Recursos BNB (FNE) x BNDES (FINAME) para um projeto com 1 ano de carência e 4 anos de amortização para uma Empresa de Pequeno Porte (EPP – Faturamento até R$ 2,4 milhões/ano).

Item

BNDES

BNB

Valor da Máquina

R$ 500.000,00

R$ 500.000,00

Contrapartida de Recursos Próprios

R$ 150.000,00 (30%)

R$ 150.000,00 (30%)

Valor Financiado

R$ 350.000,00

R$ 350.000,00

Taxa Efetiva de Juros (a.a.)

10,25% (TJLP+3%+1%)

7,01% (8,25% menos rebate de 15%)*

Valor da Prestação Mensal Inicial

R$ 10.067,00

R$ 9.263,48

Total de juros Pagos no Período

R$ 101.613,01 (29,03%)

R$ 72.128,32 (20,61%)

* Para empresas localizadas fora do Semi-árido Nordestino que pagam suas parcelas do financiamento em dia As empresas que estão localizadas no Semi-árido recebem um desconto ainda maior, de 25%, representando uma taxa de juros real a ser cobrado no valor de 6,19%.

 

            Enfim, as opções atuais das linhas de financiamento disponíveis para o setor de locadores de equipamentos, máquinas e ferramentas, apresentadas na conjuntura econômica em que passa a economia brasileira, estão delineadas acima. Como conclusão, deve-se analisar bem o que cada um destes agentes financiadores pode oferecer e como a realidade da empresa vai se adaptar para estas opções apresentadas. Sugere-se que a empresa leve em consideração taxas de juros acumuladas no período a ser contratado, valor do aporte a ser dado como contrapartida, quando exigido, garantias e condições de pagamento. Para aquelas empresas que utilizam, necessariamente, equipamentos, máquinas, ou ferramentas importadas, mas sem similar nacional, o caminho já está traçado, mas para aqueles que são produzidos no Brasil, deve-se levar em consideração os outros detalhes já mencionados. Por último, vale a pena ressaltar que o planejamento é essencial antes de fazer qualquer tipo de investimento, pois a economia pode mudar abruptamente, como já vimos nos últimos 6 meses. Um outro conselho a ser seguido é que deve-se manter um relacionamento estreito com estes 2 agentes de fomento ao desenvolvimento que foram apresentados aqui, pois nestes momentos de crédito escasso, o Governo Federal tem mantido o acesso ao investimento.

 

Referências

 

http://www.bndes.gov.br

 

http://www.bnb.gov.br

 

http://www.cedesconsultoria.com.br

 

Obs. Vale a pena ressaltar que o FINAME está com a taxa reduzida para 4,5% ao ano até 31/12/2009.

Fonte: CEDES Consultoria e Planejamento


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